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Rogéria Santos e a urgência esquecida: um olhar firme sobre o câncer infantojuvenil




Em um cenário onde a burocracia tende a engolir o essencial, a deputada federal Rogéria Santos (Republicanos/BA) apresentou um requerimento de informação ao Ministério da Saúde que merece mais do que os registros formais do Diário da Câmara. Trata-se do Requerimento nº 177/2025, que busca lançar luz sobre uma das maiores ausências no debate público sobre saúde: o câncer infantojuvenil.

Sutilmente articulado, o pedido não é mero exercício legislativo. Carrega um traço de sensibilidade política rara: colocar crianças e adolescentes — muitas vezes invisíveis nas estatísticas ministeriais — no centro das prioridades. A deputada não propõe um espetáculo, mas exige informações concretas. Ela solicita dados sobre programas de diagnóstico precoce, investimentos recentes em infraestrutura hospitalar, medicamentos, capacitação de profissionais e até a adoção de novas tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em tempos de embates ideológicos rasos, o texto proposto por Rogéria Santos revela uma preocupação estrutural. Não é um apelo retórico, é uma cobrança qualificada. Ao requisitar transparência sobre investimentos e políticas de combate ao câncer em jovens entre 1 e 19 anos, a parlamentar toca numa ferida que muitos preferem ignorar — e o faz com a firmeza de quem conhece os bastidores das urgências sociais.

Os impactos positivos que este requerimento pode gerar são numerosos. A começar pela criação de um banco de dados confiável e atualizado sobre a incidência e a taxa de sobrevida do câncer infantojuvenil no Brasil. Além disso, pode forçar uma reorientação dos recursos públicos, favorecendo regiões negligenciadas ou hospitais que funcionam no limite. A pressão institucional exercida por esse tipo de solicitação é capaz de acelerar parcerias estratégicas, fomentar pesquisas e facilitar a introdução de medicamentos mais eficazes na rede pública.

Outro mérito pouco percebido, mas relevante, é a ênfase em dados acessíveis. A deputada requer que as informações sejam disponibilizadas de forma clara, promovendo o que se poderia chamar de “democratização da dor”: ao torná-la visível, compartilhável e quantificável, ela deixa de ser apenas uma tragédia silenciosa vivida por milhares de famílias.

Rogéria Santos não grita. Atua com elegância e precisão. Em um gesto parlamentar de responsabilidade, expõe o óbvio — e o óbvio, quando ignorado, precisa mesmo ser exigido com documentos timbrados.

Esse requerimento é mais do que papel: é um espelho colocado diante do Estado. Que ele se olhe. E que, por uma vez, veja as crianças.

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